Regina, o retrato de uma mente criminosa

Regina, o retrato de uma mente criminosa
Regina confessou ter matado três filhos
Por: Dilmercio Daleffe


No final da tarde de 05 de março, Regina dos Santos, uma mulher de 41 anos de idade, moradora de Araruna, chega de carro ao hospital de Terra Boa. Lá, vai até a recepção e pede ajuda, alegando estar prestes a ter um filho. Imediatamente, é hospitalizada. No entanto, com uma conversa bastante contraditória, desperta dúvidas do corpo clínico. E, ao saber que se tratava de uma paciente de Araruna, o secretário de saúde local liga ao secretário de lá, pedindo a sua remoção. Então, horas depois, uma ambulância de Terra Boa leva a mulher de volta à cidade. Na mesma noite, cheio de saúde, o filho nasce no hospital de Araruna. O que nenhum dos dois secretários sabia, ou podiam imaginar, era o final da história, que viria a ser uma grande tragédia: Regina mataria o próprio filho, três dias depois.

Após ser recebida no hospital de Araruna, também no dia 5, Regina permaneceu lá sozinha até 8 de março, dia em que teve alta da cesária e foi levada até sua casa, com uma ambulância do município. Segundo apurações da polícia, ela escondeu a gravidez dos vizinhos, do companheiro - com quem está há um ano e meio -, do filhos de 16 e 18 anos e, até, dos colegas de trabalho. E, numa atitude irracional, dentro de sua casa, optou em tirar a vida do recém nascido. Possivelmente, teria o asfixiado e, por fim, concluído a ação colocando o corpo em dois sacos plásticos, ao fundo da casa, numa lixeira.

Mesmo com o corpo ali, Regina passou o final de semana em casa, junto ao filho e ao companheiro. Os dois nada sabiam. E seguiu a vida normalmente, como se nada tivesse acontecido. Tanto é que, mesmo após a cesariana, foi trabalhar na segunda feira. Indo também até Terra Boa, apanhar o veículo deixado no hospital.

DESCOBERTA

Mas os planos de esconder a gravidez e, posteriormente, ocultar o próprio crime, começaram a cair por terra no final da tarde da última segunda, dia 11. Preocupados com a criança - já em Terra Boa um dos médicos relatou a desconfiança que Regina não desejava ficar com o bebê - uma equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Araruna foi até a sua casa por três vezes. Nas duas primeiras, não encontraram ninguém. Na última, conseguiram conversar com o marido. E perguntaram sobre o bebê. Mas, incrédulo, afirmou desconhecer a gravidez e, consequentemente, o recém nascido.

Receosos que Regina teria doado a criança, o município então acionou a Polícia Militar e o Conselho Tutelar. Foram até o emprego dela e a levaram até sua casa. "Lá ela confessou ter matado o filho ainda na sexta, logo após ter recebido alta", disse o secretário de Saúde de Araruna, Márcio José dos Anjos Bizao. Segundo ele, em toda gestação, Regina jamais fez um só exame, nunca procurando atendimento pré natal. "Ela simplesmente escondeu a gravidez de todo mundo", disse Bizao.

MENTIRAS

Ainda na sexta, ao chegar do hospital, o companheiro a viu com o recém nascido. Mas ela disse que se tratava do filho de uma outra mulher, que teria pedido para buscá-lo mais tarde em sua casa. Era apenas mais uma das mentiras. Para justificar sua ausência em casa, durante todo o final de semana, ela alegou ao marido que estaria em um hospital fora da cidade, realizando exames de varizes.

Agora, com o crime evidenciado, policiais militares levaram Regina presa, algemada, em flagrante. Ela depôs à delegada de Peabiru, Karoliny Neves. Mas preferiu usufruir do direito do silêncio. "Quanto ao marido, não há elementos que indiquem que tenha participação ou que tinha conhecimento. Ele está solto", disse a delegada.

PREOCUPAÇÃO

De acordo com Bizao, logo após a sua chegada ao hospital de Araruna e, posteriormente, ao nascimento do filho, o município colocou um assistente social para conversar com Regina. "Já sabíamos da informação que, aparentemente, ela não queria ficar com a criança. Então, escalamos um profissional para falar com ela. Foram ao todo cinco visitas dentro do hospital. Em todas, questionamos se queria ter o bebê, ficar com ele. Também informamos que havia a adoção legal. Mas sempre, ela afirmou que gostaria de ficar com o filho", relatou Bizao.

REGINA

Regina sempre foi uma mulher trabalhadora. Até o dia em que foi presa, trabalhava em uma boa empresa de Araruna. Para quem a conhece, os relatos são de uma excelente pessoa, equilibrada, normal. "Os dois filhos dela são muito bem educados. Regina sempre teve muito amor pelos dois", disse uma mulher que não quis ser identificada. Os filhos são fruto da relação com o ex marido.

De acordo com levantamentos, após se separar, ela iniciou um novo relacionamento, agora com o atual companheiro, que vive na mesma casa. "Eu não sei o que pode ter acontecido. Não consigo entender. Mas sei de uma coisa: se ela errou, terá que viver com isso. Para o resto da vida", disse outra conhecida de Regina.

SERIAL KILLER?

Dias após ser presa, uma nova e macabra descoberta da polícia traçou o destino de Regina. Como uma verdadeira mente criminosa, ela teria confessado a morte de outros dois filhos, em 2013 e 2016. E da mesma maneira de agora, escondeu as gestações. Ganhando as crianças em hospitais distantes de Araruna, desta vez, em Cianorte.

Ela ainda não descreveu os verdadeiros motivos que a levaram gerar os filhos por nove meses. E depois matar os três. Mas entende-se que, num primeiro momento, poderia ter usado métodos anticoncepcionais. Ou, mais adiante, ter doado os bebês. Mas não fez nada disso, optando pela morte.

De acordo com a delegada, durante o seu depoimento, Regina se mostrou bastante fria. Uma pedra, com ausência total de sentimentos. E com as confissões, que chocaram até mesmo os policiais, sua situação se complicou ainda mais. Pode-se afirmar que nem mesmo os santos, de seu sobrenome, conseguirão a ajudar. Regina segue presa.


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